21 de setembro de 2009

Carta-Protesto.

Subprefeitura de Perus desrespeita grupos locais

A comemoração dos 75 anos de Perus, no último domingo (20/09), tinha tudo para ser uma festa bonita. E em grande parte até foi. Mas só seria completa se a organização do evento, leia-se Subprefeitura de Perus, não tivesse cortado dois grupos culturais do bairro na última hora. O grupo de teatro Pandora e o grupo Refúgio, bloco de percussão da Comunidade Cultural Quilombaque, foram informados no local da festa de que não haveria possibilidade de participarem, pois a 89FM, patrocinador do evento e responsável pela vinda de Wanessa Camargo ao show, precisava do palco para fazer a passagem de som.

Com um público estimado de 5 mil pessoas, também não haveria possibilidade de se apresentar no meio da Praça do Samba, onde a festa foi realizada. Com o corte súbito, quando os grupos já estavam prontos para fazer suas intervenções, fica a pergunta: há valorização das iniciativas culturais realizadas por gente que se preocupa com o cenário árido da arte e lazer em Perus? O grupo Esquadrão Arte Capoeira, também do bairro, se apresentou no meio da muvuca e quase passou despercebido.

Um pouco de respeito com os grupos do bairro, que estão lutando diariamente para transformar Perus por meio da arte e da cultura, seria muito bem-vindo. Afinal, grupos como a Quilombaque e o Pandora, que surgem exatamente pelo apreço e respeito que o poder público destina a cultura (0,00 no orçamento), seguem crescendo e se desenvolvendo. Somente neste ano foram dezenas de apresentações nas praças, ruelas e escolas do bairro, grupos e bandas musicais, cinema, teatro, poesia, artesanato. Arte, cultura e lazer alcançando milhares de moradores. Até limpamos e pintamos a Praça Inácio Dias e seu histórico coreto. Do jeito que surgimos, vamos seguir de cabeça erguida e convicção renovada.

Perde a população ao ver, em seu nome e a título de comemorar o aniversário de seu bairro, seus escassos recursos patrocinando o desrespeito aos seus próprios moradores. Perdem os administradores públicos a oportunidade de progredirem alguns séculos, sendo competentes, zelosos e respeitosos e fazer o que centenas de cidades e bairros fazem: valorização da cultura local.

Fica aqui o protesto.

(Comunidade Cultural Quilombaque e Grupo Pandora)

8 de setembro de 2009

A Revolta dos Perus

Bem... Fiquei bastante impressionado e feliz com tudo o que vi, de verdade.
A utilização do espaço, dando outros contornos e outros significados para o próprio CEU. Além de servir muito bem para a fábula que estava sendo construída, nas passagens de tempo/ espaço, eu enquanto platéia era obrigado a me mexer, a me pôr em movimento, a criar junto com vocês.
Todas as passagens de uma coisa pra outra eram muito bem amarradas, apesar do caráter fragmentado, estava tudo muito bem amarrado.
No palco, me surpreendi com a passagem de uma energia pra outra. Havia o silêncio, o movimento dilatado, tensão, foco.
E para além das questões meramente estéticas, achei de uma preciosidade o fato de vocês resolverem falar sobre o próprio bairro, sobre o próprio entorno onde vivem.
Porque nós estamos acostumados a valorizar somente o que é de fora, o do vizinho... E dificilmente olhamos para a nossa própria casa. Daí quando eu vejo vocês fazendo isso, com humor, com criatividade, com energia e até com uma boa dose de pensamento crítico. Me dá uma grande vontade de lançar olhos para a minha própria casa.
Obrigado pela experiência partilhada Pandora!
Parabéns!


Carlos Alberto Moreno
Cia. Refúgio de Atuadores