19 de janeiro de 2011


“Olha no espelho e enxerga tuas costas.
Deixe tuas mascaras
No armário antes que ela te use como mostruário.
Comece a enxergar a humanidade como macacos sem pelagem
E enxergara um aroma de sonhos dentro de
Uma cabaça selvagem.
Mastigado e engolido pelo teu ego
Mergulha-te  
E achará estranhas as tuas entranhas
Ânsia  
O corpo expulsa o corpo
Vomita-te
Omite-se
Imita-se.”


    Valmir Cruz





O Deus de Cada Homem

Quando digo “meu Deus”,afirmo a propriedade.
Há mil deuses pessoais
em nichos da cidade.
Quando digo “meu Deus”,
crio cumplicidade.
Mais fraco, sou mais forte
do que a desirmandade.

Quando digo “meu Deus”,
grito minha orfandade.
O rei que me ofereço
rouba-me a liberdade.

Quando digo “meu Deus”,
choro minha ansiedade.
Não sei que fazer dele
na microeternidade.

Carlos Drummond de Andrade


18 de janeiro de 2011

Desabar

"Desabava
Fugir adianta nao ____ desabava
Por Toda Parte _____ Minas ___ torres
edif
___ ícios
_____ Princípios
_____ l
_________ e
_____ i
____________ s
______ muletas
desabando ____ Gritar NEM
Dava tempo ___ soterrados
Novos desabamentos insistiam
Sobre Peitos Pó in
desabadesabadesabadavam
Como formaram Ruínas
Cidade Ordem outra definitiva em ".


Carlos Drummond de Andrade
"A maior parte das pessoas com quem converso, atualmente, entende que a humanidade está provocando severos danos ao suporte dos sistemas naturais que nos garantem ar limpo, água, solo e biodiversidade.

Mas cada um sente-se insignificante entre os 6,2 bilhões de habitantes do Planeta. Não importa o que faça individualmente para reduzir o impacto na natureza, isso lhe parece pouco. Perguntam-me freqüentemente: 'O que posso fazer?'

Que tal começar por rever os hábitos de consumo? Não faz muito tempo que a frugalidade era virtude. Mas, hoje, dois terços da nossa economia está construída sobre o ato de consumir. E isso não ocorre por acaso.

O crack da bolsa de valores em 1929, nos EUA, que marcou a Grande Depressão Econômica, mergulhou o mundo numa terrível crise. Foi a 2ª Guerra Mundial quem catalisou a recuperação econômica norte-americana: uma enorme base de recursos, produtividade, energia e tecnologia do país foram direcionados para a guerra, gerando um aquecimento da economia. Com a iminência da vitória, conselheiros na área econômica do então Presidente foram desafiados a encontrar uma saída para transformar a economia de guerra, adaptando-a para a paz.

Foi o analista Victor Lebow quem apontou uma solução: 'Nossa economia, enormemente produtiva, demanda que transformemos o consumo em estilo de vida. Devemos converter a compra e uso de bens em rituais que iremos buscar para nossa satisfação espiritual, a satisfação do nosso ego, em consumo... Precisamos que coisas sejam consumidas, repostas, descartadas, em ritmo cada vez mais elevado.'

O chefe do conselho de assessores econômicos do Presidente Eisenhower constatou: 'O objetivo maior da economia norte-americana deve ser produzir mais bens de consumo.' Não focalizar a melhoria de serviços de saúde, educação, habitação, transporte, recreação, ou combate à pobreza e fome, mas sim, providenciar mais e mais produtos destinados aos consumidores.

Quando os bens são bem feitos e duráveis, eventualmente o mercado fica saturado. Um mercado sem fim cria-se com produtos que fiquem obsoletos rapidamente (pense em roupas, carros, computadores). E com a possibilidade de jogar fora, uma vez que o produto foi usado, o mercado nunca ficará saturado.

Produtos de consumo não surgem a partir do nada. Eles provêm da Terra e, quando descartados, retornam à terra como lixo, às vezes lixo tóxico. Gasta-se energia no processo de extrair matéria prima, processá-la, manufaturar e transportar o produto. Enquanto que o ar, água, solo são freqüentemente poluídos em muitos pontos durante o ciclo de vida deste produto. Em outras palavras: tudo o que consumimos tem efeito direto na natureza.

Além disso, há custos espirituais e sociais. Allen Kanner e Mary Bomes escreveram em The All Consuming Self: 'a compra de um novo produto, principalmente um item mais caro - por exemplo automóvel ou computador -, tipicamente produz um prazer imediato, além de conferir status e reconhecimento ao dono. Mas, quando a novidade passa, a sensação de vazio tende a voltar. A solução típica será focalizar uma nova e promissora compra.'

Ultimamente, isto vai além do prazer ou status. Adquirir um bem tornou-se uma demanda inadiável. Paul Wachtel coloca em The Poverty of Affluence: 'Possuir mais e novos objetos, a cada ano, tornou-se não apenas que nós queremos, mas que precisamos. A idéia da crescente prosperidade tornou-se o centro de nossa identidade e de nossa segurança. Somos envolvidos por isso como o dependente o é por drogas.'
Muito do que compramos não é essencial para nossa sobrevivência, ou para nosso conforto básico, mas tem como base o impulso, a novidade, o desejo momentâneo. Mas há um preço embutido, que nós, natureza e futuras gerações, iremos pagar.

Quando o consumo se torna a razão de existir das economias, nunca perguntaremos: 'quanto é o suficiente?', 'por que precisamos disso tudo?', 'estamos mais felizes?'.

Nossa escolha pessoal como consumidores tem conseqüências ecológicas, sociais, espirituais. É tempo de reexaminar, com profundidade, as noções que estão por trás de nossos estilos de vida."
David Suzuki

Assim como falham as palavras quando querem exprimir
qualquer pensamento, assim falham os pensamentos
quando querem exprimir qualquer realidade. (A.Caeiro)

O Homem;As Viagens


O homem, bicho da terra tão pequeno
Chateia-se na terra
Lugar de muita miséria e pouca diversão,
Faz um foguete, uma cápsula, um módulo
Toca para a lua
Desce cauteloso na lua
Pisa na lua
Planta bandeirola na lua
Experimenta a lua
Coloniza a lua
Civiliza a lua
Humaniza a lua.
Lua humanizada: tão igual à terra.
O homem chateia-se na lua.
Vamos para marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em marte
Pisa
em marte
Experimenta
Coloniza
Civiliza
Humaniza marte com engenho e arte.
Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
Sofisticado e dócil.
Vamos a vênus.
O homem põe o pé em vênus,
Vê o visto — é isto?
Idem
Idem
Idem.
O homem funde a cuca se não for a júpiter
Proclamar justiça junto com injustiça
Repetir a fossa
Repetir o inquieto
Repetitório.
Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira terra-a-terra.
O homem chega ao sol ou dá uma volta
Só para tever?
Não-vê que ele inventa
Roupa insiderável de viver no sol.
Põe o pé e:
Mas que chato é o sol, falso touro
Espanhol domado.
Restam outros sistemas fora
Do solar a col-
Onizar.


Ao acabarem todos
Só resta ao homem
(estará equipado?)
A dificílima dangerosíssima viagem
De si a si mesmo:
Pôr o pé no chão
Do seu coração
Experimentar
Colonizar
Civilizar
Humanizar
O homem
Descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
A perene, insuspeitada alegria
De con-viver.

Kassab deseja a todos os Paulista um Feliz 2011

O primeiro presente de nosso prefeito.



Aliás, ele começou a nos presentear desde o ano passado:

http://allaboutrock.wordpress.com/2010/12/17/prefeito-kassab-proibe-musicos-na-av-paulista/

Que 2011 e 12 seja tão bom contra os anos anteriores querido prefeito.

Este homem sempre sabe o que é bom.

esqueci de algo? Ah claro.

http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=25645